Praxes*

Não consigo deixar passar em branco está questão que anda a dar tanto que falar.

Existem dois lados é evidente: quem não anda e nunca experimentou, odeia sem justificação e é completamente contra, e o outro lado, que anda, vive, ama sem explicação e é completamente a favor.

Bem, eu como gosto de ser do contra não me encaixo em nenhum destes lados.

A verdade é que o meu primeiro dia de praxe foi horrível, quando cheguei a casa só criticava mas queria ir no dia a seguir porque tinha medo do que se dizia " ai se não andares na praxe...", no dia seguinte voltei ao meu amado (ironia) instituto e voltei a ter um dia naquela que é chamada "sala 2" o terror do ISCAP, no terceiro dia acabei por desistir. Desisti não só por não estar a gostar porque sabia que o melhor estava para vir, como por falta de tempo, não vivo propriamente perto e não tinha transportes certos, tornava-se complicado uma vez que praxe acaba por não ter horário.

Desisti, e nada do que se dizia se cumpriu, é certo que sou extrovertida e falo com toda gente, mas criei laços fortes com pessoas que não andavam na praxe e com pessoas que andam na praxe, e nunca fui posta de lado por não ir com a camisola de besta ou de traje para a universidade.

Hoje, apesar de não pertencer a praxe, admiro muito que faz parte dela, porque almoço praticamente todos os dias no meio de um grupo de praxe unido, divertido, capaz de ouvir, ajudar e respeitar, onde os mais velhos dão tudo por tudo para que os mais novos se deem bem, onde vejo todos os dias felicidade por pertencer aquilo que é uma segunda família para eles.

É fácil estar de fora e julgar, os doutores aos berros com os caloiros, ou coitadinhos andam de joelhos todos sujos, mas algum deles está lá contra a vontade? Não! E posso garantir-vos que um ano depois eles vão dizer que foi o melhor ano da vida deles.

É claro que existem exageros, mas a esses exageros não se podem chamar praxe, mas sim, faltas de respeito e falta de controlo daqueles que não sabem pertencer a uma hierarquia, e isso não acontece apenas a quem veste um traje.

Não culpem agora a praxe por tudo, apenas porque aconteceu uma tragedia onde as vítimas vestiam um traje que simboliza os estudantes académicos a anos e anos.