A capacidade de abdicar*

Poder, fama, ambição, desejo de vencer... São alguns dos adjectivos que definem a vida de uma grande parte da população Mundial. Não digo que seja completamente mau, mas quando todos se juntam e deixa de existir o nosso lado emocional, a coisa torna-se complicada. 

A capacidade de abdicar de algo poderoso ou monetariamente apetecível em busca da felicidade interior, em busca de sentimentos como amizade e amor, é o dom mais forte que qualquer um pode usufruir.

Um dia, ao olhar a nossa volta, temos um império construído, temos inúmeras pessoas a seguir as nossas ordens, mas quando voltamos para a nossa mansão aguardamos apenas a frieza do mordomo ou da empregada doméstica. Acabando por partir sem sentirmos o que realmente é estar completo.

Eu quero viver bem na vida, quero ter uma casa com jardim, quero um carro bom, quero poder comprar aquilo que precisar e as vezes comprar o que nem precisava, mas me apetece. Contudo, seria incapaz de abdicar de amigos verdadeiros, da minha família, ou da pessoa que me faz feliz para atingir os meus objectivos. Porque posso ter 50 em vez de 100, mas se continuar a ter a ternura dos sorrisos dos meus filhos, a protecção da minha família, as loucuras dos meus amigos e o aconchego de quem me fizer feliz, só isso é suficiente para encher a minha vida.