Sentir sem refletir*

Tínhamos tido, os dois, uma reunião de trabalho no jardim da estrela debaixo de uma grande árvore. No fim da reunião, ele desapareceu por trás da árvore e depois, com os olhos abrilhantados por uma lágrima reluzente, pegou-me na mão e levou-me para trás da grande árvore dizendo que me queria mostrar algo. Como um escultor que esculpe a sua estátua, posicionou-me de costas para a árvore e de frente para ele. Segurou-me as mão e pediu para fechar os olhos.
Não se passou nada durante uns segundos... sentia-se o perfume das flores, o vento leve na cara, o som dos ramos baloiçantes... Não obstante, o coração palpitava de emoção e ansiedade pelo momento de clímax.
Deu-me um beijo nos lábios, ao de leve primeiro, depois mais forte apertando-me as mãos com emoção.
Afastou-os devagar, caíram-lhe as lágrimas e, muito empolgado perguntou com a excitação "pós-emoção-forte":
"Sentiste? Sentiste? O coração a bater forte, os joelhos a perderem forças, a sensação de pairar no ar?"
Simples.
O amor é simples. Sente-se.