quarta-feira, julho 7

Orgulho

Passaram-se anos, anos rotineiros onde eu tentava ganhar coragem para abrir o livro que me deixaste em cima da mesa, antes de partir com as malas , sem dar qualquer explicação deixando-me aqui, com a nossa filha que ainda nem o teu nome conseguia pronunciar. Tivera-o guardado na estante mais alta que tinha em minha casa, mesmo lá cima de tudo. Era uma tentativa para não o estar constantemente a ver, tentativa essa que não teve resultado; porque todos dias lá ia eu, subia a uma cadeira e apenas observava sem nunca ter coragem de lhe tocar sequer, mas ultimamente não estava a ter forças suficientes para subir, e as dificuldades em andar cada vez eram maiores.

Mas hoje, o sol estava forte, e eu muito fraca, apesar disso, senti que tinha que ser naquele dia. Subi a estante e peguei nele, o tempo ainda não tinha desbotado aquela cor viva, aquele cor-de-rosa que sempre foi a minha cor preferida, e tu, tu sabias disso, e mesmo assim na despedida tinhas que o usar contra mim. Sentei-me no sofá, onde lias todos os dias o jornal, e depois de um longo suspiro, desfiz o laço de ceda que o fechava, abriu e vi: vi que era a história da cinderela, mais uma vez jogaste contra mim, ao saber que gostava mesmo dessa historia, mas, lá dentro tinha uma carta, onde tinhas escrito estas mesmas palavras:

“ Meu amor, não tive força para me despedir, mas tive que ir para a guerra, é o meu dever. Prometo-te que daqui a um ano volto, cuida bem da nossa Alexandra, e lê-lhe esta historia todos os dias, depois vamos guardar e um dia iremos ler, juntos, para os nossos netos. Vou ter saudades, e nunca percas as esperanças, eu voltarei. Não te esqueças, eu amo-te, e sim, és a mulher da minha vida”

O Mundo parou naquele momento, apenas as minhas lágrimas corriam no meu rosto, tinha estado este tempo todo enganada, tudo por orgulho de pensar que te foste embora e me tinhas deixado aqui sozinha com a solidão. Afinal foi a morte que nao te deixou voltar, apesar de o desejares. Passados alguns minutos, ouvi crianças a correr, eram os nossos netos, e sabes o que é que eles queriam? Que lhes contasse uma historia.

Nesse momento, o meu coração parou, fui ter contigo, e só me resta pedir perdão.


(história nao verídica)

19 comentários:

  1. a minha carta de despedida nao ira existir, porque vou estar para sempre na tua vida, nunca mesmo te quero perder, preciso de ti para viver, sem ti nao tenho qualquer motivo que me prenda ao mundo *.*

    amo-te ate ao fim do mundo <3
    you always be my baby

    ResponderEliminar
  2. acho que hoje esta tudo virado para o orgulho (A)

    ResponderEliminar
  3. eu ontem e que nao tinha inspiração nenhuma ^$:

    ResponderEliminar
  4. O luto acabou
    e já tenho de despir
    as vestes tintas de escuro.
    O que usar a partir de hoje
    será só tinto de lágrimas.

    Isumi Shikibu

    ResponderEliminar
  5. obrigada minha querida tu também escreves muito bem mesmo

    ResponderEliminar
  6. não é mesmo nada de mais :) OBRIGADA QUERIDA

    ResponderEliminar
  7. eu escrevo e escrevo mesmo que não goste eu posto porque senao, dizem que devia ter postado

    ResponderEliminar
  8. Adoro os teus textos*.*
    Também te vou seguir :')

    ResponderEliminar